Instruções Práticas para os Médiuns Fascículo 04

sábado, 8 de agosto de 2009

Instruções Práticas para os Médiuns

Fascículo 04

ÍNDICE
Item Assunto Pág.
- Índice 1
- Prefácio do Fascículo IV 2
1 Porque o Médio não deve tomar Álcool 3
2 O Cruzamento de Correntes 3
3 Aprendizado Mediúnico e Intelectual 4
4 O Fluido Magnético Animal ou Ectoplasma 4
5 Mediunidade Psíquica e Mediunidade Espiritual 5
6 A Mediunidade Iniciática 7
7 A Conduta Doutrinária 8
8 A Missão Mediúnica 10
9 A Missão Básica da Nossa Corrente 12
10 Os Reajustes 13
11 As Energias Cármicas 14
12 O Percurso de Uma Vida 15

1 Porquê o Médium não deve tomar álcool

O sistema nervoso é o mecanismo intermediário entre o corpo físico, o mundo externo e o campo consciencional. O campo consciencional é a sede do eu, esse algo individualizado e portador da cen­telha divina. A centelha divina é a parte do mecanismo do Homem que lhe possibilita a existência. Ela proporciona a encarnação e a sustenta. Sem ela não existe a ligação entre o Espírito Transcendental, a Alma e o Corpo. Rudimentarmente o sistema nervoso pode ser comparado com uma rede de distribuição de eletri­cidade, com seus fios, transformadores, subestações e uma de suas peculiaridades é dar passagem a ener­gias por indução. Isso significa que a corrente ner­vosa “salta” de um ponto para o seguinte, não é con­tínua. Esse e outros fatores básicos do sistema ner­voso caracterizam a célula nervosa como incapaz de se reconstituir. Com isso não existe a regeneração do tecido nervoso. O álcool, a heroína e seus derivados têm a capa­cidade de destruir a célula nervosa. Célula nervosa destruída significa perda de capacidade consciencio­nal, diminuição do alerta mental, lerdeza do raciocínio, etc. Isso tudo resulta na gradual irresponsabili­dade do Ser Humano. Esse fenômeno acontece quer se beba pouco ou muito álcool. Um pouco de álcool todos os dias causa efeitos mais danosos porque os resultados só aparecem lentamente. Essa é a razão fundamental pela qual os Médiuns não devem tomar álcool. A Doutrina do Amanhecer funciona na base do Doutrinador e Apará conscientes e isso é sinônimo de clareza mental, razão e respon­sabilidade. Outro motivo específico, pelo qual o Médium não deve tomar álcool, é que a Corrente do Amanhecer mobiliza e atrai energias extra-etéricas, cuja força só pode ser controlada por mentes equilibradas. Por isso é preferível que o Médium não ingresse na Cor­rente se não puder deixar o hábito de beber, pois ele se prejudicará mais se tentar pertencer à Corrente e tomar álcool.

2 O cruzamento de correntes

Pela Doutrina do Amanhecer todas as doutrinas e religiões são consideradas boas, sendo vedado aos Médiuns fazer qualquer crítica a outros grupos. O Templo do Amanhecer é aberto a todos, incluindo aqueles que praticam outros rituais ou religiões. Também não existe proibição formal para a freqüência de nossos Médiuns a outros cultos, desde que ela não seja sistemática, como uma obrigação. A razão disso é que o Médium, ao freqüentar outras práticas doutrinárias ou religiosas, se envolve nas correntes e vibrações desses cultos e provoca em si mesmo o cruzamento de forças. Esse fato se agrava se o Médium participar da intimidade do ritual. A participação do Médium em nossa Corrente não é uma simples formalidade. Ela funciona nos vários planos do Médium e ele sintoniza com as for­ças desde o plano físico até às várias gamas do plano espiritual. Na verdade o progresso de nossos Mé­diuns é avaliado em termos de impregnação, de assi­milação da Doutrina. Se praticar seu Mediunismo por outros métodos ele não consegue a sintonia neces­sária e vive desequilibrado. Aliás esse é o principal motivo que traz a maio­ria dos Pacientes em busca de socorro no Vale do Ama­nhecer. Ignorando esse fato simples eles buscam auxílio em muitos lugares diferentes e acabam por se desiludir e se tornarem descrentes. Por último, se nossa Corrente e nossa Doutrina não forem suficientes para o Médium, a ponto de ter que buscar outros cultos ou práticas religiosas, esse fato invalida sua posição de Médium por definição…

3 Aprendizado mediúnico e intelectual

O ensino religioso é feito habitualmente pela didática comum, pela palavra falada ou escrita. Com isso a absorção dos conhecimentos se faz pelo inte­lecto, o banco de memória atuando como o reposi­tório de conhecimentos. Isso acontece tanto em reli­giões aculturadas intelectualmente como em cultos e doutrinas de outra natureza. A base é a memória, em algumas predominando a memória visual e em outras a auditiva. Mesmo nos cultos chamados primitivos, os líderes são sempre aqueles que apresentam maior soma de conhecimentos Ritualísticos e doutrinários. Com esse método a religião é absorvida pela alma, pelo sistema psicológico, pela personalidade. A religiosidade assim assimilada é anímica, sensorial, faltando no praticante a presença do espírito trans­cendental. A falta de espiritualidade nas religiões tem sido a maior fonte de angústias da Humanidade atual. Entretanto a Natureza proporcionou ao Homem um método bem mais simples e natural de aquisição de religiosidade que é a Mediunidade e esse é o mé­todo adotado pela Doutrina do Amanhecer, para que seus Médiuns adquiram os conhecimentos, que aliás não são chamados assim, mas de esclarecimentos.

4 O Fluído Magnético Animal ou Ectoplasma

Exerce sua influência na pessoa, de acordo com sua progra­mação Cármica, seu plano de vida no Planeta. Isso acontece no momento exato, e sua manifestação é absolutamente clara, insofismável para ela mesma. Para que esta afirmação seja aceita é preciso que haja apenas certa honestidade do Homem con­sigo mesmo. Quem neste mundo de Deus não sabe quando a inquietação de seu espírito se manifesta? Uma vez começada a “produção” Ectoplasmática começa também o desassossego da pessoa. É a época na vida de cada um quando começam as interrogações, a busca de algo acima do senso comum, as dores, as insatisfações, as sensações de irreali­zação, os distúrbios neurológicos e até mesmo as doenças físicas de maior gravidade. Os sintomas va­riam conforme as reações que as pessoas têm, de acordo com sua personalidade, ou seja, a constituição de seu conjunto psicofísico. Embora ignorando o fenômeno, a maioria das reli­giões proporciona, pelo próprio ritual, algum reequi­líbrio Ectoplasmático. Isso acontece principalmente pelo sistema de reuniões, a formação de correntes e o sentimento de amor que é buscado. Mas, os pre­conceitos, sejam dogmáticos ou não, e a ânsia da padronização de conceitos, com isso formando os preconceitos, abafam as manifestações individuais. O Homem se torna, assim, prisioneiro, frustrado, exa­tamente dentro da instituição ou seja, a religião ou doutrina, que existe para sua libertação! Isso tudo resulta da confusão que se faz entre a Alma Transitória e o Espírito Transcendental, e esse é o grande mal de nossa Civilização. Assim, a Doutrina do Amanhecer não inventou método algum de transmissão de religiosidade, mas apenas adotou, na sua prática, o sistema que a Natu­reza já havia proporcionado ao Espírito em trânsito na Terra, o Ser Humano, o Homem. Nós apenas de­senvolvemos a Mediunidade da pessoa e proporcio­namos os meios para ela mesma controlar suas for­ças e energias. Com isso essas forças e energias passam a circular nos canais programados e começam a beneficiar as pessoas em vez de prejudicá-las. como acontecia antes de aqui chegarem. Com toda a simplicidade a pessoa aprende a ma­nipular seu ectoplasma. Com isso ela se purifica, se clareia, se torna mais sutil e, adquirindo maior vibraticidade, permite a sintonia com o seu próprio mundo espiritual. A partir daí sua alma se abre às Influências do seu Espírito e ela começa a divisar seu caminho. A “claridade” do seu Ectoplasma lhe proporciona o “esclarecimento” que tanto se confunde com “conheci­mento”.

5 Mediunidade Psíquica e Mediunidade Espiritual

O Espírito é algo que se destacou do Todo e, como conseqüência, se individualizou, se tornou uma “Individualidade”. O Indivíduo-Espírito pela própria natureza, apresenta características, tendências, pre­ferências e objetivos que são somente seus, que o destacam de outros Indivíduos-Espíritos. Para encarnar, isto é, para percorrer por certo tempo este Planeta, seguir a estrada que o levará, num futuro talvez remoto, à desindividualização, isto é, à sua reintegração no Todo, ele é obrigado a se adaptar ao corpo físico, cujas manifestações se fazem pelo processo sensorial de estímulo-resposta, cha­mado Alma. Esse conjunto Corpo-Alma forma a Per­sonalidade. Personalidade significa a aparência física, a cons­tituição do corpo, as tendências, a educação recebida, ou seja, “aquilo” que foi feito ou se fez no mundo físico, no Planeta, para a manifestação do Indivíduo-Espírito. Essa é a Lei da Terra, a Lei Crística, em seu as­pecto peculiar da encarnação. Ao se submeter a esse processo, o Espírito aceita completamente o fato de que terá que se manifestar, exercer a sua programa­ção, caminhar para seus objetivos, dentro dessas con­dições difíceis. A formação da Personalidade já é meio caminho andado na realização Cármica. Por mais que faça, o Homem dificilmente pode modificar sua personali­dade, a não ser em termos de mudança de comporta­mento. Essa mudança entretanto, a não ser que seja feita em consonância com os objetivos do seu Espí­rito, será angustiosa, transitória ou auto-aniquilante. O conhecimento e a utilização da Força Mediúnica devem ser paralelos ao reconhecimento da existência do Espírito Transcendental, do próprio Espírito, sob pena dela ser apenas a exteriorização da Personali­dade. Em resumo, o desenvolvimento da Mediunidade apenas fenomênico, sem um objetivo Crístico, res­salta as qualidades ou defeitos do Médium e o torna apenas intermediário entre ele e o mundo que o cerca. Pode ainda acontecer dele, na sua cegueira personalística, ser intermediário de Forças Horizon­tais, não criativas e às vezes até destrutivas. Nesse caso ele se torna um Médium apenas psí­quico, isto é, ele dá vazão a conceitos, idéias e con­selhos de sua própria lavra ou de Espíritos do Plano Terreno, ou seja, formas e valores não criativos, ape­nas transformistas. Esse fato simples e objetivo é que separa o joio do trigo, o que é Crístico e o que apenas não é. É fácil de se saber quando isso acontece, bastando seguir-se a regra evangélica de que a “árvore se conhece pelos frutos”… A Mediunidade desenvolvida paralelamente ao esclarecimento doutrinário, apresenta um quadro to­talmente diferente. O Médium começa por apreender as emanações e os anseios transcendentais de seu próprio Espírito e, graças a isso, ele se harmoniza com sua linha Cármica. Ele muda as perspectivas, a visão da vida e muda seu comportamento por um pro­cesso íntimo de plena convicção. Ele passa a ver o Mundo com maior descortínio, se torna mais abran­gente e com isso sua vida se equilibra. Ele passa a ser uma pessoa que irradia simpatia e interesse pelo seu próximo. A partir daí se torna possível seguir a Lei do Per­dão, do Amor, da Tolerância e da Humildade. Nessas condições isso é feito sem constrangimento, sem que a pessoa tenha que se violentar, sem provocar ten­sões internas, geralmente causadoras de revolta. Nessa linha de sintonia com seu Espírito trans­cendente ele atrai para si as emanações dos Espíri­tos Superiores, de seus Guias, seus Mentores, e passa a ser porta-voz desses Espíritos. Esse é o Médium Espiritualizado, o Médium através do qual vem a cura, o alívio e a esperança dos que são atendidos por ele. Temos assim uma idéia clara do que seja a Me­diunidade puramente Psíquica e a Mediunidade Espi­ritual. Entretanto é preciso saber que o Ser Humano não é estático, sempre o mesmo. Ele varia a cada momento e seus estados se alternam conforme as in­fluências a que é submetido. Como conseqüência, sua Mediunidade pode variar e se apresentar ora de uma forma, ora de outra. Por isso é que a prática da Mediunidade deve ser feita no âmbito de um conjunto doutrinário, com re­gras ritualísticas e a vigilância dos Mentores. Em nossa Corrente, para melhor garantir a autenticidade, todo trabalho mediúnico é feito pela unidade dupla Apará – Doutrinador. Só o Doutrinador tem as con­dições necessárias para discernir as manifestações e saber quando as coisas vêm do Médium ou dos Guias, qual a dosagem de Psiquismo existente no tra­balho e até que ponto esse Psiquismo não prejudica o trabalho. Afinal ninguém é perfeito e qualquer um pode cometer erros. O importante é tirar o melhor partido de cada situação e fazer com que o Médium ajude a si mesmo, enquanto ele está ajudando o seu próximo. Só uma atitude de Amor e paciência pode conduzir o fenômeno mediúnico para resultados posi­tivos a todos que dele participam. Para isso é preciso haver uma atitude desassombrada e de compreensão, de que somos todos Espíritos a caminho e que o Ser Humano dificilmente mistifica deliberadamente.

6 A Mediunidade Iniciática

Iniciação significa a admissão do Médium ao cír­culo seguinte da Espiral de Forças que regem a Missão. As Forças da Corrente do Amanhecer dis­tribuem suas Energias de cima para baixo, em forma de espirais cônicas, cujos círculos menores estão na parte de cima. Cada espiral representa uma Cassan­dra regida por uma Falange. Ao se tornar Médium do Vale do Amanhecer a pessoa vai desassimilando as correntes negativas, através da modificação do seu teor ectoplasmático. Seu fluido se modifica paulatinamente, tornando-o cada vez mais sensível às vibrações dos círculos ime­diatamente superiores. O Médium vai se “Imantran­do”, isto é, ele adquire a capacidade de sintonizar os “Mantras” de força e os manipular no exercício de sua Mediunidade. Vejamos um exemplo: qualquer pessoa pode rezar um Pai Nosso. Essa oração é o Mantra básico dado por Jesus para situar o Espírito em trânsito na Terra no Sistema Crístico. Entretanto, ao pronunciar esse Mantra existe uma penetração maior ou menor, em consonância com o estágio espi­ritual de quem o pronuncia. As palavras são as mes­mas, não importa quem as pronuncie mas a sintonia varia conforme a situação do emitente. O mesmo Mantra pronunciado por um Iniciado e um não iniciado produzem resultados diferentes. Por isso o Médium Iniciado recebe o direito de usar certos objetos Ritualísticos que são acrescidos ao seu uniforme. Há, pois, trabalhos no Templo que só podem ser feitos por Médiuns Iniciados. A cerimônia de Iniciação é basicamente o encon­tro, em meio do caminho, entre o Médium e as Ener­gias que ele passou a ter capacidade de manipular. Às vezes as energias vão mais ao encontro dele do que ele das energias e outras vezes sucede ao con­trário. Esse fato é muito importante de se saber, uma vez que Força significa capacidade, potência; sucede às vezes que a pessoa não chega a exercê-la conscientemente. Expliquemos melhor: o Médium Ini­ciado é sempre capaz de fazer um trabalho, que exija essa condição, mesmo que ele não saiba ou não co­nheça a força que tem. Nem sempre a personalidade do Médium corresponde à sua posição mediúnica. Há certos casos em que a Espiritualidade manda Iniciar um Médium para que ele seja beneficiado pela Iniciação, para sanar alguma dificuldade em seu equilíbrio. Só depois de algum tempo é que ele irá exer­cer conscientemente seu papel de Iniciado.

7 A Conduta Doutrinária

O conflito é a nota dominante da vida no Planeta Terra. Na verdade não existe Vida sem Morte. Os seres respiram e, junto com o ar, penetram no orga­nismo milhões de bactérias, germes e micróbios. A cada respiração milhões de anticorpos, que são ver­dadeiros soldados do corpo físico, entram em ação e matam os invasores. A luta não pára um segundo sequer e, se as defesas se enfraquecem, ou se um inimigo desconhecido penetra em suas fileiras, o corpo se desequilibra e a pessoa fica doente. Tudo que existe na Terra é vivo, qualquer que seja a natureza. Tudo é composto de átomos, desde a pedra até o fogo, desde a água até o ar. Como re­sultado natural, tudo que absorvemos é vivo. O Ser Humano é uma complexa máquina que absorve e transforma, como todos os outros seres, a matéria em energia e a energia em matéria. Nada é desper­diçado e tudo é transformado. Essa luta eterna é variável conforme a simplici­dade ou a complexidade dos organismos que existem no Planeta. Quanto mais complexo é um organismo mais complexa é a luta. O princípio porém é inalte­rável: absorção ou perda de energias. Isso acontece desde a pedra bruta, que é atacada pelo ar, a água, o atrito, o calor, o frio e as variações do terreno onde se encontra, até o Ser Humano, que é afetado por esses e outros fatores. Desde o mineral, passando pelo vegetal, e che­gando ao mundo animal, a luta vai adquirindo aspec­tos mais variados e complexos. Ela atinge o máximo refinamento no homem, a maior usina da Natureza de transformação energética que existe. O simples ato de pensar já é uma poderosa for­ma de emitir e receber energias, com perdas ou ga­nhos conforme os controles, as qualidades e as sin­tonias. Quanto mais sutil é o campo vibratório em que as energias são recebidas ou emitidas, maior é a intensidade, a potência e a força que entram em jogo. Com esse raciocínio fácil e razoável conclui-se que o conflito, a luta, o ataque e a defesa são intrín­secos em nossa natureza, essa é a Lei do Planeta Terra, não existe a paz, mas sim a guerra, permanente e inevitável, se situarmos o problema apenas em ter­mos do plano psicofísico. Essa Lei entretanto é restrita, delimitada pelo campo vibracional da Terra e, para começarmos a en­tender isso um pouco, nós temos que pensar em termos de Dimensões, Planos e Mundos. Embora essas palavras sejam escorregadias, são as únicas que nos dão a idéia aproximada de Planos Vibrató­rios. Façamos uma analogia: por mais encapelado, tempestuoso que o mar esteja, se mergulharmos alguns metros abaixo da superfície encontraremos uma tranqüilidade impressionante. Pessoas que já voaram em aviões comerciais de grande porte também co­nhecem essa notável experiência. Às vezes a gente decola de um aeroporto em meio a tempestade, o avião jogando perigosamente; ele ganha altura e, em poucos minutos o sol brilha por sobre o colchão de nuvens enquanto que o vento parece inexistente. Assim é a nossa vida e assim também são nossas alternativas. É preciso mergulhar ou subir acima de nossas contingências para que tenhamos paz e tranqüilidade, é preciso penetrar na Dimensão do Espírito. Só que o mergulho no mundo do Espírito não é me­dido em metros mas em sensibilidade. Torna-se necessário a gente se fazer receptivo ao mundo de nosso próprio Espírito, seja em termos do passado Cármico ou do futuro planejado, para que possamos avaliar melhor os nossos conflitos e poder-mos reduzi-los às proporções que eles realmente têm. Para facilitar essa receptividade, para tornar pos­sível a trajetória dos Espíritos encarnados, para que o Mundo seja uma escola proveitosa é que existe o Sistema Crístico e a Doutrina do Mestre Jesus com sua Escola do Caminho. O Vale do Amanhecer não exige dos seus Mé­diuns que contrariem as Leis do Planeta, quaisquer que sejam elas, mas que sobreponham a elas uma conduta iluminada pela Doutrina de Jesus, a que cha­mamos de Conduta Doutrinária. Convidar um Ser Humano a abandonar a luta seria o mesmo que sugerir que se suicidasse. Mas permitir que ele continue a luta sem saber o que está fazendo é deixá-lo entregue à perda da oportunidade encarnatória, é o suicídio do Espírito. A Doutrina de Jesus diz: “devemos amar ao pró­ximo como a nós mesmos” e, por todos os ângulos que observemos essa máxima ela sempre se apre­senta como vantajosa para nossa existência. Amando as pessoas que nos cercam, incondicionalmente, con­seguimos um clima de paz em nossa consciência que só nos traz vantagens em todos os sentidos. Mas, para podermos amar os que nos agridem ou que pro­curam nos prejudicar, os que nos odeiam e os que nos invejam, nós temos que ter uma perspectiva ampla das nossas relações com os “próximos” Para que tenhamos essa visão mais ampla nós temos que conhecer, assimilar os outros aspectos da Doutrina do Mestre. Para conhecê-la nós devemos ter capacidade de sintonia. Em termos de Mediu­nismo, capacidade de sintonia significa saber mediu­nizar-se. E assim, fechamos o amplo círculo. Para que o Médium tenha uma conduta Doutrinária ele precisa conhecer a Doutrina. Conhecendo a Doutrina ele con­tinua sua luta, come, bebe, ama, trabalha, disputa seu lugar ao Sol, cumpre as leis biológicas, as psicológi­cas e as sociais e, através disso, executa o programa desta encarnação. E só assim ele pode dizer com tranqüilidade: “Seja feita a sua vontade, assim na Terra como no Céu”. A Doutrina do Amanhecer nos fornece ainda um dado muito precioso: o Homem em harmonia com a Lei é controlado por um número e uma quantidade de energias que lhe garantem a força total. Esse nú­mero básico é o 7 assim dividido: 3 + 1 + 3. Três forças são a sublimação, que por serem inversas da Terra são chamadas de negativas. Elas são fáceis de identificar quando dizemos: “em nome do Pai, do Filho e do Espírito”. Há uma força intermediária que liga as três primeiras com as três últimas: essa é a força da Mente, ou quarto plano Iniciático, a sede do Eu; as outras três forças são: a do plano Intelectivo concreto, onde se manipulam as Energias Etéricas, a do Coração ou Forças da Emoção e sensibilidade (no coração humano é que reside a partícula Crística) e por último a Força Animal, do mundo físico. Tanto a da Mente como as outras três formam o quarteto positivo, as 4 forças chamadas de positivas, pois são elas que diferenciam um Homem de um Espírito não encarnado, um Espírito vivendo na Terra. Podemos agora concluir: o Médium, por defini­ção, tem que observar uma Conduta Doutrinária, isto é, ele terá que agir de acordo com a Doutrina na observância da Lei.

8 A Missão Mediúnica

A palavra “Médium” é a mais simples de qual­quer vocabulário, pois sendo latina, ela pode ser usada em qualquer língua, mesmo que essa língua não seja de origem latina. Entretanto não existe palavra mais vinculada a mistérios e coisas incompreensíveis do que essa. Ela chega a causar medo nas pessoas conforme as circunstâncias. “Médium” em latim quer dizer “meio” que por sua vez significa, entre outras coisas, “aquilo que se usa para obter alguma coisa”, ou então, “o ponto exato entre dois extremos opostos”. Em português, a palavra “Médium” já é incorpo­rada ao vocabulário e significa literalmente: “a pes­soa que serve de intermediário entre os espíritos e os seres humanos”. Assim, mediante uma simples palavra, nós temos garantido que ser Médium é apenas um meio e não um fim em si. Se acrescentarmos a essa proposição a afirmativa da Doutrina do Amanhecer de que todos os seres humanos São médiuns, conclui-se que nós, os encarnados, os seres humanos somos meios para alguma coisa. Essa “alguma coisa” é a trajetória dos Espíritos pelo Planeta Terra. Se juntarmos a essa conclusão o fato simples de que a Sociedade, a Hu­manidade, a Civilização, a Coletividade e etc., todas essas palavras significando mais ou menos a mesma coisa, composta de seres humanos, conclui-se por simples lógica que a Humanidade é apenas meio e não um fim em si. Apenas devemos acrescentar, por respeito à Ló­gica, que tudo existente nesta terra é meio e fim ao mesmo tempo e que, se quisermos manter um racio­cínio coerente, devemos sempre especificar as cir­cunstâncias em que algo é meio ou fim. No caso do Médium a própria denominação já estabelece a condição de ser ele Intermediário entre o Mundo do Espírito e o Mundo Físico, um Medianeiro entre o Céu e a Terra. Todos os seres humanos sendo Médiuns, estão sendo Intermediários entre algo que deve ser feito, todos são meios de uma finalidade. Essa finalidade começa a ser Missão quando adquire um âmbito maior, além da simples sobrevivência do indivíduo. Olhando-se por esse prisma verifica-se facilmente que todos os seres humanos têm missão, uma vez que todos são Médiuns. O que então significa quando a gente diz para um Médium: “Você é um Missionário”? Para termos uma resposta correta somos obriga­dos a particularizar a palavra “missão” no seu sen­tido religioso e, para que isso seja mais real, enten­dê-la no sentido Crístico. Para compreender esse sentido nada melhor do que a leitura da Parábola dos Talentos em Mateus – 25,14/30:

14- Pois é como um homem, que se ia ausentar do país, e chamou seus servos e lhes entregou seus bens.

15- e a um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um, a cada qual segundo sua capacidade; e partiu.

1 6- Imediatamente foi o que recebera 5 talentos e ope­rou com eles e lucrou outros cinco.

17- Igualmente o de dois, lucrou outros dois.

18- Mas o que recebera um, foi, cavou a terra, e es­condeu o dinheiro de seu senhor

19- Depois de muito tempo, vem o senhor daqueles servos e ajusta contas. 20- E vindo o que recebera cinco talentos, trouxe ou­tros cinco, dizendo: “Senhor, entregaste-me cinco talentos; olha outros cinco talentos que lucrei.

21- Disse-lhe seu senhor: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito; entra na alegria de teu senhor”.

22- Chegando também o de dois talentos, disse: “Senhor, entregaste-me dois talentos; olha ou­tros dois talentos que lucrei”.

23- Falou-lhe seu senhor: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, confiar-te-ei o muito entra na alegria de teu senhor”.

24- Vindo também o que recebera um talento, disse “Senhor, conheço-te que és homem duro, co­lhendo onde não semeaste e recolhendo onde não distribuíste,

25- e amedrontado, escondi teu talento na terra olha (aqui) tens o teu

26- Respondendo, então, disse-lhe seu senhor: “Servo infeliz e tímido, sabias que colho onde não se­meei e recolho onde não distribuí?

27- Devias, então, ter confiado meu dinheiro aos ban­queiros e, vindo eu, teria recuperado o meu com juros.

28- Tomai-lhe, portanto, o talento, e dai-o ao que tem dez talentos,

29- pois a todo aquele que tem ser-lhe-á dado e ainda sobre o que tem será acrescentado; mas ao que não tem, ainda o que pensa ter ser-lhe-á tirado. 30- E o servo inútil lançai-o nas trevas exteriores; aí haverá o choro e o ranger de dentes”. (Mateus, 25: 14 – 30. ln Carlos Torres Pastorino, “Sabedoria do Evangelho”, Vol. 6º pág. 175). Desde que essa Parábola foi conhecida, “talento” passou a significar a qualidade inata e o engenho pas­síveis de serem multiplicados, desenvolvidos. A Mediunidade inata, natural em todos os seres humanos, é uma qualidade que pode ser “multiplicada”, isto é, desenvolvida e, como na parábola tendo sido recebi­da, ser devolvida em dobro ou multiplicada “ao Se­nhor”. Médium, com “M” maiúsculo é pois, aquele ser humano que desenvolve o seu talento mediúnico e, ao fazê-lo, exerce automaticamente uma Missão; torna-se um Missionário. É por isso que a gente costuma dizer do Médium que se dedica com mais Amor ao trabalho mediúnico que “ele é um verdadeiro missionário”.

9 A Missão Básica da nossa Corrente

A Corrente Indiana do Espaço, nome como é conhecida na Espiritualidade, foi formada para a pre­paração do Homem para o III Milênio, assim chamado porque será o 1º Milênio em que a Lei Crística es­tará implantada no Planeta, sem a necessidade da dor Cármica. Essa implantação está sendo feita pela Escola do Caminho do Mestre Jesus. A parte do Sistema Crís­tico atual é essencialmente Doutrinária, e essa Es­cola nos ensina como transmitir uma Doutrina. Quem melhor colocou o problema foi Pai João de Enoch, que diz sempre: “Meus filhos, não basta apenas dar peixes às pessoas; é preciso ensiná-las a pescar”… A Doutrina do Amanhecer ensina a não ter medo do futuro e nos abre as esperanças de realização desde o momento em que entramos em contato com ela, qualquer que seja o tipo de relacionamento. Se uma pessoa chega ao Templo do Amanhecer e é curada, ela percebe claramente que foi pelo fenô­meno do Amor, da Tolerância e da Humildade e não por algum fenômeno que contrariasse a Lei do Planeta. Se o visitante entra e sai do Templo por sim­ples curiosidade, por mais fechada que seja a sua mente, ele já se impregnou da emanação do Templo e sente-se bem. Esse fato e a maneira do funciona­mento do Templo com sua arquitetura, seus símbolos e seu ritual já imprimiram nos seus sentidos uma mensagem doutrinária. Assim acontece com as coisas do Vale e como ele aparece para as pessoas. É lógico e natural que todos o procurem em busca de algum remédio para seus males. O caminho da dor é o caminho natural da atual fase do Planeta Terra. Mas, a dor é apenas um meio, um instrumento de alerta e não basta ape­nas afastá-la para que ela tenha atingido sua finali­dade. Por outro lado, é preciso respeitar o livre arbítrio de seu portador e não é lícito aprisionar o Ho­mem sofrido em conceitos restritos. É certo dar abrigo ao viajante cansado, mas é absurdo querer obrigá-lo a morar com a gente. A missão de nossa Corrente é abrir os olhos dos que nos procuram para seus próprios caminhos e ilu­minar esses caminhos com o máximo de nossas luzes. Essa é a missão da Corrente e nisso consiste a Dou­trina do Amanhecer.

10 Os Reajustes

Para entendermos melhor os quatro itens ante­riores deste fascículo, o problema do psiquismo, da conduta, da missão e das finalidades da Corrente, é preciso que saibamos claramente o que são Reajustes. A partir do instante em que os Espíritos passa­ram a existir e se tornaram Individualidades, suas diferenças lógicas passaram a produzir efeitos. Na des­cida, para nós misteriosa, que os Espíritos empreen­deram, como nos mostra a Estrela de David, suas ações mútuas foram causando efeitos cada vez maio­res uns nos outros. Na presente encarnação, olhando-se as pessoas em seu relacionamento, a gente percebe esse fato claramente. Não há lógica que possa explicar o relaciona­mento entre os Homens, as desigualdades, os amores e os ódios. Por quê uns matam e agridem, odeiam e se revoltam enquanto outros amam e curam? A tentativa de explicar essa realidade pelos atos atuais, é invalidada pela diferença de reações às mes­mas condições e estímulos, fato esse que mostra claramente a existência de causas anteriores, que de­terminam as atitudes atuais. Ora, se os Espíritos tendem a voltar a Deus, con­forme nos mostra o triângulo ascendente da Estrela da David, eles terão que acertar suas diferenças e emparelhar suas Individualidades a um ponto comum de referência. O padrão de referência mais lógico e acessível ao Ser Humano é a face do Sistema Crístico que estabelece um prazo, um tempo determinado para nossa ação no Planeta e, prudentemente, nos fez ignorantes do dia de nossa morte física. Para chegarmos à paz interior, sinônimo de Deus, nós temos que nos reajustar com tudo que nos cerca, começando, naturalmente, pelo que nos é mais próximo, mais intenso, de experiência mais imediata. E assim nós vamos encontrando, nas pessoas e nas coisas que nos cercam, os efeitos das ações que fizemos através dos tempos. Primeiro encontramos a nós mesmos, quando tomamos consciência de nossa situação; somos pobres ou ricos, bonitos ou feios, alegres ou tristes; nascemos numa parte boa ou má do Planeta, temos bons ou maus progenitores, etc., etc. Esse é o primeiro e mais difícil Reajuste. Ao chegarmos ao entendimento, à consciência plena de nossa situação, quando o que moldamos já é irreversível, no tem o e no espaço, somos geralmente tomados de um profundo senso de injustiça e, às vezes, de revolta. Nesse ponto nos encontramos diante do primeiro grande dilema de nossas vidas. Alguns chegam a isso em tenra idade, outros já mais velhos, mas todos, todos os Seres Humanos desta Terra chegam a esse ponto. Você que está lendo este fascículo, seja o juiz e decida se esta afirmativa é verí­dica ou não. A partir daí começa o nosso Reajuste, a retomada da trajetória de nosso Espírito, o aparecimento das dívidas e dos créditos adquiridos em outras encarna­ções. Esses compromissos do passado são represen­tados por credores ou devedores, que tanto podem ser encarnados como desencarnados, “gente” ou Espí­ritos. Na experiência vivida nos Templos do Amanhe­cer, tanto no trato com as milhares de pessoas aten­didas, como nas instruções doutrinárias, conclui-se que a estrutura da vida global do Homem está no plano de reajustes para cada encarnação. O Espírito para reencarnar estuda, junto com seus mentores, um plano de trabalho através do qual po­derá conseguir certa dosagem de evolução, se cum­prir, é claro, o plano traçado. Naturalmente ele po­derá cumpri-lo ou não, uma vez que seu Livre Arbítrio é respeitado em todos os planos, inclusive na esco­lha de sua encarnação. Caro Médium e leitor (Aspirante ou Veterano) desta Corrente: neste ponto de nosso fascículo faremos esta pequena pausa e retomaremos o assunto dos Reajus­tes, por ser ele fundamental para a compreensão da Doutrina do Amanhecer. É o reajuste o ponto crítico, que decide o resultado positivo ou negativo de uma encarnação e é ele também a principal razão da busca religiosa. Para que possamos entender esse aspecto tão Importante da vida em nosso Planeta, vamos toma-lo em sua origem mais próxima de nosso entendimento que é o processo encarnatório.

11 As Energias Cármicas

Para que um espírito possa ocupar um corpo fí­sico e sua respectiva Alma, e com isso formar um Homem, um Ser Humano, entram em jogo múltiplos fatores, alguns dos quais podem ser analisados e compreendidos pela visão científica da vida. Dois Seres Humanos se complementam e dão origem a um terceiro. Ambos são portadores de fa­tores genéticos e, da combinação dos genes fica esta­belecida a estrutura fundamental do novo ser. A partir desse ponto forma-se o feto, cujo sis­tema nervoso e cérebro-espinhal se completam entre o segundo e o terceiro mês de gestação. No terceiro mês o Espírito passa a habitar naquele corpo. Todo o processo está compreendido nas leis que regem os planos físicos e seus complementares Eté­ricos e Astrais do Planeta, até o momento do Espírito aderir ao corpo. Para que isso aconteça entra em jogo um fator extraterreno ou hiperetérico chamado Centelha Divina, Átomo Crístico, etc. Se não existisse esse fator extra-etérico, o fenômeno da vida seria passível de ser controlado pelos Homens. Sem essa Centelha Divina não existe reen­carne, não começa a vida humana, a não ser em ter­mos apenas biológicos. Por isso o ser humano criado em laboratório será apenas um sonho mau, uma pretensão humana sem propósito. O Sistema Crístico na Terra foi organizado para os Espíritos em trânsito e fora dele é impossível, pelo menos até onde alcança a visão espiritual da Doutrina do Amanhecer, o reencarne dos Espíritos. A Centelha Divina é uma energia que mantém a aderência do Espírito ao corpo através do Perispírito. No término da jornada o Espírito volta ao plano alcan­çado, à dimensão que conquistou. A energia da Centelha Divina, impregnada pelas características da vida que foi vivida por aquele Ser Humano, fica na Terra, geralmente junto ao local onde o corpo é desin­tegrado, não importando qual o processo, se enterra­mento, dissolução, cremação, etc. A partir desse ponto a Centelha Divina se transfor­mou em Energia Cármica e permanece nas proximi­dades onde o corpo ficou depois do desencarne. Ela irá passar por transformações lentas, em termos de localização, intensidade e mobilidade, dependendo de como o Espírito que a deixou segue sua evolução. O sucesso ou insucesso de uma encarnação depende muito da maneira como um Espírito manipula as Ener­gias Cármicas.

12 O Percurso de uma Vida

Onze meses antes da reencarnação o Espírito per­corre, acompanhado de seu Mentor, os lugares onde viveu suas várias encarnações. Não se trata exata­mente de uma viagem topográfica, mas, de certa forma, o itinerário é baseado nos pontos magnéticos gerados pelas Energias Cármicas deixadas por ele. Dentro dessas coordenadas ele escolhe o seu plano encarnatório, a começar pela mãe, o pai, os amigos e os inimigos que irá ter. Prevendo as pró­prias vacilações, ele escolhe também um futuro Amigo e Protetor que irá ajudá-lo na penosa experiência. Depois disso ele entra para o chamado sono cul­tural, enquanto o plano é executado pelos Mentores, entrando no jogo os Espíritos encarnados e os desencarnados que irão relacionar-se com ele nessa encar­nação. Isso mostra claramente que o livre arbítrio é que preside todos os atos. Mesmo depois de encarnado, quando esquecido da escolha feita, se ele não quiser aceitar as condições que se impôs, ele pode fugir ao cumprimento do programa. Essa fuga entretanto ape­nas lhe traz mais angústias e transfere os problemas para mais tarde. Mas, o importante é que Deus não tem pressa… E assim, um Ser Humano nasce em determinado lugar, sua família muda-se para outro lugar, ele cresce e viaja para outro lugar e pode acabar sua vida em algum lugar bem distante de onde começou. Acaso? – Não, não existe acaso na vida humana a não ser na aparência sensorial. Atrás de cada acontecimento de nossas vidas, do mais banal ao mais importante, existe sempre um intrincado mecanismo cujo funcio­namento é mais complicado ainda porque muda a cada momento. Essa mudança se opera a cada ins­tante na dependência de nossas decisões. Se a de­cisão é certa, se está de acordo com o programa tra­çado pelo nosso Espírito, o resultado é bom, nos sen­timos em harmonia com o Universo. Se a decisão é errada, com isso contrariamos nosso destino transcendente, sentimos angústias e dor. O Homem é feliz ou infeliz dependendo de como vive e de como estabelece seu sistema de decisões. Naturalmente, a pergunta que essa questão suscita de imediato é: como saber o que está certo e o que está errado? – mas esse é exatamente o enigma da vida, o desafio evolutivo, o preço da autonomia, do Livre Arbítrio. Foi talvez essa questão que levou os sábios da mais remota antigüidade a inscrever nos pés da Esfinge:

“Decifra-me ou te devoro”

E que levou São Francisco de Assis a dizer: “Senhor, dai-me forças para tolerar as coisas que não podem ser mu­dadas; dai-me amor para mudar as coisas que devem ser mudadas e dai-me sabedoria para distinguir umas das outras”. Mas, para sermos bem objetivos, para que pos­samos realmente saber a decisão certa, a Natureza nos deu um mecanismo de percepção que nos per­mite saber qualquer que seja nossa posição no contexto humano – as coisas da Lei no Plano Físico, as coisas da Lei no Plano Psíquico e as coisas da Lei no Plano Espiritual. Normalmente, nós estamos habituados a ouvir a voz de nosso corpo e a voz de nossa Alma, uma vez que seus reclamos são facilmente discerníveis: eu sei quando tenho fome e sei do que gosto ou não gosto. Essas exigências produzem uma pequena dor. Mas temos também que nos acostumar a ouvir a voz de nosso Espírito, pois a falta disso nos produz a grande dor, a verdadeira dor. Perder um corpo é um fator na­tural – não existe corpo eterno; perder a Alma tam­bém é um fator natural – não existe Alma eterna. Mas perder o Espírito, tirar a oportunidade de uma encarnação arduamente conquistada é desafiar a Lei em seu aspecto mais amplo, é fato mais grave e mais doloroso. Por essa razão é que o Grande Mestre Jesus nos deu, de forma clara e adequada, o Sistema Crístico na sua Escola do Caminho, para que pudéssemos ouvir facilmente a voz de nosso Espírito. A propósito é preciso que se diga que o único erro que os exegetas do Cristianismo cometem é de querer interpretar o Evangelho como guia para a Alma e para o corpo; não, Jesus não fala para eles, Jesus fala para o Espírito encarnado. O Evangelho tem um aspecto literal, fatual e psicológico porque ele é transmitido pelos sentidos, mas o próprio Mestre ex­plicou aos discípulos quando lhe perguntaram: “Mes­tre, por que é que lhes falas em parábolas?” Respondeu-lhes Jesus: “A vós é dado o compre­ender os do reino do céu; aos outros porém, não é dado. Porque ao que tem dar-se-lhe-á, e terá em abun­dância; mas ao que não tem tirar-se-lhe-á ainda aquilo que possui. Por isso é que lhes falo em forma de parábolas: porque de olhos abertos, não vêem e, de ouvidos abertos, não ouvem, nem compreendem. Assim se há de cumprir neles a profecia de Isaias: Ouvireis e não entendereis; vereis, e não compreen­dereis; porque endurecido está o coração deste povo, tornaram-se moucos os seus ouvidos, e cerraram os olhos: não querem ver com os olhos, nem ouvir com os ouvidos, nem compreender com o, coração, nem converter-se de modo que eu os cure. Ditosos os vossos olhos, porque vêem! E os vossos ouvidos, porque ouvem! Pois em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejariam ver o que vós vedes e não viram; ouvir o que vós ouvis e não ouviram”. (Mateus 13-10/17).

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