Das encarnações de Pai Seta Branca: narrativas que compõem o mito.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Contam os adeptos que todos os seres humanos descendem dos habitantes de um planeta chamado Capela, cujos moradores seriam bastante desenvolvidos nos planos físico, científico e espiritual. A estes seres teria cabido a missão de colonizar a Terra. No entanto, como suas constituições físicas não lhes permitiam a adaptação ao novo planeta, tiveram que passar por uma espécie de mutação. Transformaram-se, assim, nos equitumans, seres semidivinos que, além de andróginos, mediam de três a quatro metros de altura (Cavalcante, 2000: 50).

De acordo com o adepto Álvares (1991b: 7), os equitumans chegaram a Terra em naves, estabelecendo-se na região andina, na América Latina. Viveram durante 2000 anos, até que desapareceram repentinamente, num cataclismo que atingiu o planeta. Tal acontecimento teria sido provocado pela aproximação de um corpo extraterreno, semelhante a uma nave espacial. Mortos em decorrência dos efeitos provocados por esse objeto do espaço, os equitumans teriam sido sepultados na área do atual lago Titicaca, situado entre o Peru e a Bolívia. Segundo Álvares, na linguagem do Vale do Amanhecer, essa nave ficou conhecida como Estrela Candente, e o fenômeno da formação do lago configurou-se como resultante de “uma lágrima da Estrela Candente”. O referido acontecimento teria ocorrido sob a direção de Pai Seta Branca, então comandante da nave (Álvares, 1991b: 8).

Após o desaparecimento do equitumans, Pai Seta Branca, na versão dos fiéis, teria organizado os últimos remanescentes desta civilização em grupos de sete para efetuarem uma nova “colonização” do planeta Terra. Recebendo uma outra denominação, passaram a ser chamados de orixás. Dos grupos integrados pelos orixás, no entanto, formar-se-iam inúmeros clãs de missionários conhecidos pelo nome de tumuchis (Cavalcante: 2000: 51).

De acordo com Álvares (1991b: 8), os tumuchis seriam hábeis artesãos e cientistas, avessos à guerra. Conheciam e manipulavam o potencial energético dos corpos planetários; moviam-se na superfície do planeta com naves próprias, guiados por mapas e maquetas do globo terrestre. Liderados por Pai Seta Branca, encarnado como um chefe tumuchi, teriam construído monumentos em vários pontos do planeta, podendo até hoje ser conhecidas as suas ruínas. Tal é o caso da cidade de Machu-Pichu, a famosa cidade sagrada dos incas, no Peru. Outros monumentos seriam as pirâmides do Egito e as cabeças gigantes da Ilha de Páscoa.

Passados cinco mil anos, na versão de Álvares (1991b: 9), teriam vindo os jaguares, cujo símbolo universal era a figura estilizada dos felinos. Em uma outra versão, sustentada pelos adeptos, conta-se que os jaguares teriam surgido entre os próprios tumuchis que habitavam a região andina. E que novamente liderados por Pai Seta Branca, chamavam-no de o “Grande Jaguar”, devido a sua força e sagacidade de guerreiro, além de sua eficiência em lidar com processos químicos e físicos (Cavalcante, 2000: 51).

De acordo com Álvares (1991b: 10), diversas civilizações continuaram a surgir e a desaparecer, sempre em ciclos de 2000 anos. Com o nascimento de Jesus, porém, e a conseqüente instauração do “Sistema Crístico”, Pai Seta Branca despiu-se de sua roupagem de guerreiro e encarnou novamente na Terra, desta vez como um santo da Igreja Católica. Divulgando única e exclusivamente o amor e o livre arbítrio entre os habitantes do planeta, teria vivido na Itália como São Francisco de Assis.

No século XVI, segundo Álvares (1991b: 10-11), Pai Seta Branca estaria encarnado no planeta Terra como um cacique mestiço de um povo também andino, da região fronteiriça entre Brasil e Bolívia. Nessa época, ele seria também conhecido como Cacique da Lança Branca, devido à alvura da ponta de sua lança, a qual passou a caracterizá-lo e o tornou uma personalidade lendária. Pai Seta Branca lutava, sobretudo, pela paz e salvação dos povos, e trazia no olhar a sabedoria dos seres iluminados pelo amor divino. Fato que, nessa época, o teria feito persuadir os espanhóis de desistirem do extermínio às últimas aldeias incas. E fato que, mais tarde, de acordo com os adeptos, fez com que ele escolhesse Tia Neiva como sua substituta, convencendo-a a criar o Vale do Amanhecer.

1 comentários:

may disse...

todos os assuntos ligados a essa doutrina sao maravilhosos

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